A convivência de 23 milhões entre budistas (70%), hinduístas (12,6%), muçulmanos (9,7%) e cristãos (7,6%) nem sempre foi fácil: no fundo permanece a herança de uma guerra que durou quase trinta anos entre a maioria cingalesa e os guerrilheiros do Tigres de Libertação da Pátria Tâmil, grupo separatista, afirma o subsecretário do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Mons. Indunil Janaka
Cidade do Vaticano
No Sri Lanka aumenta a preocupação dos muçulmanos locais por possíveis ataques contra a comunidade após os atentados nas igrejas católicas no dia de Páscoa. Enquanto prosseguem as investigações sobre a pista islâmica, o governo de Colombo reitera jamais ter recebido o alerta que poderia ter evitado a tragédia.
“O motivo desses atentados parece ter sido atingir a economia e criar uma divisão entre as várias comunidades”, declara à agência missionária Fides o sacerdote cingalês e subsecretário do Pontifício Conselho para o diálogo Inter-religioso, Mons. Indunil Janaka Kodithuwakku.
E é desse modo que ao leste do Isis, derrotado na Síria, mas com uma ideologia ainda viva e impactante, estão se formando organizações radicais que buscam o terrorismo para desestabilizar um país como o Sri Lanka.
“O Estado Islâmico está investindo numa estratégia para provocar uma insurreição também em outros países. Esse tipo de tensões cria um clima fértil para tais movimentos”, acrescenta o sacerdote.
O ex-Ceilão, independente desde 1948, após 150 anos de domínio inglês, vive uma situação heterogênea do ponto de vista político, cultural e religioso. Pe. Indunil explica: “O país não conseguiu plasmar uma identidade nacional inclusiva, pluralista, onde todas as comunidades se sintam respeitadas e aceitas”.
A convivência de 23 milhões entre budistas (70%), hinduístas (12,6%), muçulmanos (9,7%) e cristãos (7,6%) nem sempre foi fácil: no fundo permanece a herança de uma guerra que durou quase trinta anos entre a maioria cingalesa e os guerrilheiros do Tigres de Libertação da Pátria Tâmil, grupo separatista.
Nos anos mais recentes se desenvolveram organizações budistas identitárias que, com uma militância violenta, tomaram de mira os cristãos e muçulmanos. O governo procurou redimensionar, mas não conseguiu evitar campanhas violentas, evitar vítimas: desde 2013, e depois até 2018, os movimentos extremistas budistas conduziram campanhas hostis incendiando casas, propriedades e mesquitas nas áreas habitadas por cidadãos cingaleses de fé islâmica.
“Hoje – prossegue o subsecretário do Pontifício Conselho para o Diálogo inter-religioso –, falta uma visão política unitária capaz de enfrentar os problemas da nação. A incapacidade de reconciliar as diversidades e as discórdias, antigas ou novas que sejam, fizeram surgir tensões étnicas e religiosas, frequentemente acompanhadas por explosões de violência.”
Aí entra em jogo a importância do diálogo inter-religioso: “Nosso Dicastério está trabalhando nesse campo a fim de que mediante o diálogo entre religiões, o diálogo entre culturas, se possa conhecer o outro, superar os mal-entendidos e sanar as feridas”.
“O presidente do país asiático, Maithripala Sirisena, encontrará nestes dias os chefes pertencentes às várias comunidades religiosas para contribuir na busca de uma solução que leve harmonia e convivência pacífica”, conclui Mons. Indunil.
(Fides)
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